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Poliembrionia e sementes-zumbi em uma árvore amazônica

Publicado: Quarta, 31 Maio 2017 Fotos: Débora Souza-Ferreira

Em seu projeto de mestrado em Ecologia, Débora Souza Ferreira pesquisou o fenômeno da poliembrionia nas sementes de Carapa surinamensis, uma espécie amazônica de um gênero de árvores que ocorre nos trópicos da América, África e Ásia, e pertence à família Meliacea. O estudo foi publicado no periódico South African Journal of Botany

Poliembrionia (a presença de mais de um embrião em uma semente) ocorre em 115 das 348 famílias de plantas. Porém, ela é rara na família Meliaceae, e foi registrada em apenas uma espécie do gênero Carapa, C. surinamensis, que ocorre na zona equatorial da Amazônia.  

Com o objetivo de quantificar a ocorrência de poliembrionia em C. surinamensis, Débora coletou sementes de árvores em Manaus e Silves, no Amazonas, e plantou 300 sementes em condições experimentais em casa de vegetação. Das 249 sementes que germinaram, 50% apresentaram múltiplas plântulas, de duas a cinco por semente. Não houve associação significativa do número de plântulas com a massa da semente, o que quer dizer que um maior número de embriões na semente não está necesseriamente associado com que tenham proporcionalmente mais tecido de reserva energética para promover sua germinação e crescimento. Mesmo assim, todas as plântulas foram transplantadas e mantidas individualmente por seis meses, e todas sobreviveram e se desenvolveram normalmente. 

O intervalo entre a germinação da primeira e última plântula foi geralmente abaixo de 20 dias para sementes com até três plântulas, e de 12 a 46 dias em sementes com quatro ou cinco plântulas. Os autores propõe que um período longo entre a germinação de plântulas na mesma semente pode ser uma vantagem para a planta-mãe nos casos em que a primeira plântula é danificada ou removida por herbívoros. 

Para testar se a poliembrionia confere vantagens à planta face à poda causada por roedores, Débora realizou outro experimento, no qual submeteu sementes de C. surinamensis e C. guianensis (que são exclusivamente monoembriônicas) à simulação de manipulação por roedores. Quando apenas o meristema radical da semente foi removido, aproximadamente 50% das sementes de ambas espécies germinaram novamente. Porém, quando os mersitemas radical e apical foram removidos, nenhuma semente teve nova germinação. Apesar disso, os tecidos de reserva de aproximadamente 80% das sementes em ambas espécies se mantiveram viáveis por, no mínimo, seis meses após a manipulação. Este fenômeno já havia sido observado em outro estudo após a poda das plântulas por cutias. As sementes que não germinaram, mas se mantiveram vivas, foram chamadas de “sementes-zumbi”, e serviram como recurso alimentíceo de longa duração para as cutias. 

Os autores concluíram que a poliembrionia em C. surinamensis não confere vantagens sobre as sementes monoembriônicas de C. guianensis em caso de manipulação pós-germinativa por roedores. No entanto, a viabilidade a longo prazo das “sementes-zumbi” pode ser de mútuo benefício a roedores e à planta-mãe. Ela proporciona sementes de longa durabilidade e ricas em lipídeos aos roedores, e pode extender a área de dispersão da planta-mãe se algumas das sementes manipuladas forem capazes de nova germinação. 

O projeto de mestrado de Débora foi orientado por Isolde Ferraz, e co-orientado por José Luis Camargo.

A imagem do título mostra “sementes-zumbi” de Carapa surinamensis. A coloração avermelhada se deve ao tingimento usado para comprovar que o tecido está ativo e viável após seis meses. A outra imagem é de um indivíduo adulto de C. surinamensis

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