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A diversidade desconhecida de Scinax no sudoeste da Amazônia

Publicado: Terça, 25 Abril 2017 Fotos: Rafael de Fraga (sapo), Philip James Gleeson (trabalho de campo)

Um novo procedimento de análise integrada de dados moleculares, morfológicos e acústicos revelou que 82% das espécies de sapos hilídeos do gênero Scinax no interflúvio Madeira-Purus eram desconhecidas. Essa é uma conclusão do projeto de doutorado em Ecologia de Miquéias Ferrão, em um estudo que foi publicado na revista PLoS ONE. Os sapos foram inventariados em 15 módulos de amostragem RAPELD, distribuídos em um transecto de aproximadamente 1000 km de extensão ao longo da BR-319 e da margem esquerda do alto Rio Madeira, e três módulos adicionais na margem direita do alto Rio Madeira. 

O estudo taxonômico desses anuros arbóreos de 15-52 mm de comprimento é um grande desafio, porque as espécies são muito similares entre si e geralmente não há dados suficientes sobre sua área de distribuição. Por isso, a integração de informação de diferentes linhas de evidência é muito útil para elucidar problemas taxonômicos e sistemáticos neste e em outros complexos de espécies. As linhagens genéticas presentes entre os Scinax amostrados na área de estudo foram definidas a partir de dados moleculares do gene 16s rRNA, produzidos com a técnica de DNA barcoding, usando dois algoritmos automatizados: Automatic Barcoding Gap Discovery (ABGD) and Generalized Mixed Yule Coalescent (GMYC). A informação genética foi contrastada com os dados de 18 medidas morfológicas e quatro parâmetros bioacústicos. 

Trabalho de campoCandidatos a espécies foram atribuídos a três subcategorias: Espécies Candidatas Não Confirmadas (linhagens genéticamente distintas sem informação morfológica e/ou bioacústica), Linhagens Coespecíficas Profundas (linhagens geneticamente divergentes que não se diferenciam morfologica e/ou bioacusticamente), e Espécies Candidatas Confirmadas (linhagens geneticamente divergentes que podem ser diferenciadas por morfologia e/ou bioacústica, mas que ainda não foram formalmente descritas como espécies).

A análise revelou a existência de duas espécies nominais, sete espécies candidatas confirmadas, duas espécies candidatas não confirmadas e uma linhagem coespecífica profunda. Esses resultados aumentaram em 450% a riqueza conhecida de espécies de Scinax no interflúvio Madeira-Purus e na margem direita do alto Rio Madeira. É o maior aumento instantâneo de diversidade regional de anfíbios amazônicos reportado até agora.  

Os 82% de espécies de Scinax que não haviam sido identificadas no interflúvio Purus-Madeira e na margem direita do alto Rios Madeira são mais que duas vezes mais altos que a estimativa de 39% de espécies de anfíbio não identificadas para toda a Região Neotropical. Esta alta proporção de espécies não descritas foi atribuída à alta capacidade de deteccção de espécies da abordagem integrada de análise de dados empregada no estudo, e também ao fato de que a região do interflúvio Madeira-Purus e do alto Rio Madeira é uma das menos conhecidas na Amazônia do ponto de vista de diversidade biológica. 

Infelizmente as novas espécies detectadas neste estudo estão ameaçadas por grandes obras de infraestrutura na região. Duas hidrelétricas de grande porte foram instaladas no alto Rio Madeira nos últimos anos, alterando o habitat de espécies endêmicas e de alta especificidade ambiental. O recapeamento da BR-319, que corta a região do interflúvio de norte a sul, está pendente de regularização junto aos órgãos ambientais. As estimativas são de que o recapeamento resultará no desmatamento de aproximadamente um terço da área do interflúvio até 2050. 

A imagem do título mostra um macho de Scinax sp 7, uma nova espécie a ser descrita, fotografado no módulo de amostragem M-8, na área central do interflúvio Madeira-Purus. A segunda imagem mostra a equipe de amostragem durante o trabalho de campo na BR-319, e ilustra os desafios logísticos frequentemente enfrentados durante o trabalho de campo na Amazônia.

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