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O canto do capitão-do-mato muda nas ilhas de Balbina

Publicado: Domingo, 19 Novembro 2017 Fotos: Renato Cintra

Em seu projeto de mestrado, Thiago Bicudo analisou o efeito de mudanças na paisagem sobre as características do canto de duas aves de floresta, o capitão-do-mato, Lipaugus vociferans, e o uirapuruzinho-do-norte, Tyranneutes virescens. O canto do capitão-do-mato é um dos sons mais emblemáticos da floresta amazônica. O estudo foi publicado recentemente em Behavioral Ecology.

A amostragem foi realizada em 13 remanescentes florestais insulares no reservatório da hidrelétrica de Balbina e em duas áreas de floresta contínua em terra firme. As ilhas têm áreas de 14 a 700 ha, e estão isoladas por distâncias mínimas de 2 km. As duas espécies de ave foram selecionadas em função de sua resiliência e presença em quase todos os fragmentos insulares de Balbina. A variabilidade do sinal acústico foi avaliada em relação à indicadores da comunidade acústica (área e isolamento das ilhas) e à variáveis da estrutura florestal ligadas à transmissão e degradação do sinal acústico. A vocalização de cinco indivíduos de cada espécie foi gravada em cada ilha e nos dois sítios em floresta contínua.    

A largura de banda do canto de L. vociferans variou significativamente com a área e o isolamento das ilhas, mas não variou significativamente para T. virescens. Ao contrário do esperado, as frequências mínima e máxima dos cantos de ambas espécies foram mais altas em ilhas com maior área basal de árvores. Não houve variação significativa das caraterísticas temporais do canto das duas espécies em relação a qualquer das variáveis explanatórias. 

Os resultados indicam que, mesmo considerando que os fragmentos florestais insulares de Balbina existem apenas desde a formação do reservatório, há 28 anos, a vocalização de L. vociferans vem sofrendo um processo de character release. Esse processo é facilitado pela menor variabilidade de habitat e composição de espécies mais pobre das comunidades acústicas das ilhas, o que leva a uma menor saturação do espaço acústico. O canto de T. virescens provavelmente foi menos variável porque sua largura de banda é mais estreita e porque o habitat dessa espécie é limitado aos níveis intermediários do dossel, onde vive em um espaço acústico mais restrito. O estudo também mostrou que partes diferentes do canto variaram em sentido oposto em relação a gradientes ambientais, o que sugere que a variabilidade ambiental exerce pressão diferencial sobre diferentes aspectos da vocalização de aves.

O projeto de mestrado foi orientado por Marina Anciães e co-orientado por Pedro Ivo Simões.

A imagem da manchete mostra um indivíduo de capitão-do-mato, Lipaugus vociferans, no Ramal do Pau Rosa (Km 21 da BR-174). A outra imagem mostra um uirapuruzinho-do-norte, Tyranneutes virescens, fotografado na Cachoeira-da-Onça, em Presidente Figueiredo. Os dois indivíduos foram fotografados por Renato Cintra.

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