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A forma, o canto e os genes de Allobates tapajos

Publicado: Quarta, 02 Agosto 2017 Fotos: Gabriela Farias Maia

Allobates tapajos é um pequeno sapo diurno que vive em florestas de terra firme ao longo de ambas margens do Rio Tapajós, um dos principais afluentes do Rio Amazonas. Em seu projeto de mestrado, Gabriela Farias Maia analisou a variação de caracteres genéticos, acústicos e morfológicos de A. tapajos em ambas margens do Tapajós. O objetivo do trabalho foi avaliar o papel do rio como barreira biogeográfica. O estudo foi publicado recentemente no periódico Biological Journal of the Linnean Society

Gabriela e seus co-autores determinaram parâmetros de vocalização, tomaram uma série de medidas corporais, e obtiveram fragmentos de DNA mitocondrial (16S) e nuclear (RAG1) de machos de A. tapajos em seis localidades em ambas margens do Rio Tapajós. 

O marcador nuclear foi monomórfico em todas as localidades amostradas, enquanto o DNA mitocondrial, que tem uma taxa de mutação mais alta, apresentou 20 haplótipos. A maioria destes haplótipos foi restrita a uma única localidade, e não houve nenhum haplótipo em comum entre as margens do rio. Foi determinado que 50% da variação genética total ocorreu entre populações na mesma margem do rio, enquanto 17% da variação ocorreu entre as margens. As distâncias genéticas foram geralmente baixas, com valores mais altos entre as duas margens. A estruturação genética foi alta e significativa. As amostras pertenceram a três agrupamentos genéticos, dois deles restritos a regiões interfluviais. Em quatro das seis localidades, todos os indivíduos amostrados pertenceram ao mesmo grupo genético. O evento cladogenético mais basal foi estimado no período Pleistoceno, quando se formou a bacia do Rio Tapajós. 

Os parâmetros acústicos divergiram significativamente entre as margens do rio, mas os caracteres morfológicos não variaram significativamente entre as margens. Não houve correlação significativa entre as distâncias geográficas, fenotípicas e genéticas. Uma análise discriminante com base nos caracteres fenotípicos atribuiu aproximadamente 70% dos indivíduos corretamente à sua localidade. 

Os resultados mostraram que o efeito do Rio Tapajós como barreira foi limitado para A. tapajos. A alta estruturação genética, assim como o compartilhamento restrito ou ausente de sequências genéticas entre localidades e entre as margens, são consistentes com uma baixa capacidade de dispersão destes sapos. Os resultados também indicam o conservadorismo morfológico na espécie, em contraste com a diferenciação acústica registrada entre as margens do rio. Caracteres acústicos são promotores de especiação em sapos amazônicos, por meio de mecanismos de reconhecimento de parceiros reprodutivos e de seleção sexual. A falta de correlação entre as distâncias genéticas e geográficas sugere que os caracteres amostrados em A. tapajos podem estar sujeitos a pressão seletiva local de caráter ambiental ou comportamental. Os resultados reforçam a utilidade dos parâmetros de vocalização como marcadores filogeográficos en anuros amazônicos.

O projeto de mestrado foi orientado por Igor Luis Kaefer e co-orientado por Albertina Lima.

As imagens mostram um macho de Allobates tapajos vocalizando e um casal em cortejo, fotografados na localidade de Itaituba (Pará).

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