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Jacarés amazônicos não competem por presas

Publicado: Quarta, 12 Julho 2017 Fotos: Francisco Villamarín (Paleosuchus) e Lis Stegmann (mochila).

As quatro espécies de jacaré da Amazônia são predadores generalistas e oportunistas. Em seu projeto de doutorado em Ecologia pelo INPA, Francisco Villamarín pôs a prova esta generalização, e concluiu que cada espécie consome diferentes proporções de presas aquáticas ou terrestres, refletindo diferentes modos de explorar o hábitat. O estudo foi recentemente publicado na revista Freshwater Biology. Villamarín e colaboradores amostraram jacarés em várzeas da RDS Piagaçu-Purus e igarapés de terra-firme nos módulos do Programa PPBio ao longo da BR-319, e usaram a análise de isótopos estáveis de carbono para determinar a origem da energia que sustenta esses grandes predadores.

Os isótopos estáveis são como "impressões digitais" gravadas nos tecidos dos consumidores, e que têm sua origem no alimento consumido. Os pesquisadores determinaram que, à medida que os jacarés se distribuem mais perto das planícies de várzea, as marcas químicas (o sinal isotópico) em seus tecidos estão mais relacionadas ao consumo de presas sustentadas por recursos aquáticos. Já os jacarés que vivem em igarapés de terra-firme apresentam, majoritariamente, marcas isotópicas relacionadas a presas terrestres. Esses resultados confirmam que a dieta dos jacarés está relacionada à sua distribuição espacial, refletindo a disponibilidade de presas nos dois ambientes: nas várzeas, grandes peixes são mais abundantes do que nos igarapés de terra firme, onde predominam presas terrestres como pacas e cutias. 

Esse padrão já havia sido observado em pesquisas anteriores, mas o estudo revelou um fato que era completamente desconhecido. A análise isotópica de indivíduos de diferentes espécies que ocorrem no mesmo ambiente, revelou diferenças significativas no sinal isotópico entre as duas espécies de jacaré-anão, sugerindo que são sustentadas por presas de origem diferente. O jacaré-coroa (Paleosuchus trigonatus) consome principalmente presas terrestres, enquanto o jacaré-paguá (P. palpebrosus) consome preferencialmente presas aquáticas. Essa repartição de presas pode ajudar a evitar a exclusão competitiva entre as duas espécies quando são sintópicas. 

O estudo mostra que, apesar de serem considerados predadores generalistas e oportunistas, as diferenças encontradas na dieta dos jacarés não se devem apenas à ocupação de diferentes hábitats, mas também à exploração diferencial do espectro alimentar. Essa descoberta sugere que algumas espécies de jacaré podem ser menos generalistas do que tradicionalmente se pensava, e a magnitude da influência que exercem sobre as redes alimentares aquáticas ou terrestres provavelmente varia entre as espécies.

Esse trabalho será apresentado no final de julho desse ano no simpósio "Ecología de grandes reptiles de América Latina", no XI Congresso Latinoamericano de Herpetologia. O simpósio é organizado por Francisco Villamarín.

A imagem do título é de um indivíduo adulto de Paleosuchus trigonatus em seu hábitat natural, em um dos módulos de amostragem ao longo da BR-319. Essa espécie de jacaré habita principalmente pequenos igarapés no interior da floresta. 

A outra imagem mostra Francisco Villamarín transportando um indivíduo adulto de Paleosuchus palpebrosus. Os jacarés eram capturados em armadilhas aquáticas e depois levados a pé por vários quilômetros até o acampamento, para biometria e obtenção de amostras de conteúdo estomacal. O modo de transporte parece perigoso, mas era seguro e confortável, além de diminuir o estresse do animal e permitir carregar indivíduos de até 15 kg. A foto foi feita em um dos módulos de amostragem ao longo da BR-319. 

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