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Cachorros-vinagre: uma espécie-fantasma da Amazônia

Publicado: Terça, 16 Maio 2017 Foto: Fernanda Michalski

O cachorro-vinagre, Speothos venaticus, é um canídeo pouco conhecido, que vive em diferentes tipos de habitat na América do Sul e América Central, mas é raramente avistado na natureza. Para estimar a abundância relativa de cachorros-vinagre na Amazônia brasileira, dados de armadilhas fotográficas (camera-trapping) da Floresta Nacional do Amapá da dissertação de mestrado em Ecologia de Lincol Michalski foram analisados conjuntamente com dados de duas outras unidades de conservação (Reserva Extrativista Alto Tarauacá, no Acre, e Parque Nacional da Amazônia, no Pará) e uma área impactada e fragmentada em Alta Floresta (Mato Grosso). O estudo foi publicado no periódico Oryx.

Cachorros-vinagre foram registrados pelas câmeras nas quatro áreas de estudo, mas com frequência muito baixa, confirmando que a espécie é realmente rara. A raridade desses canídeos foi confirmada pela revisão de dados de camera-trapping de 16 outros estudos realizados na área de distribuição da espécie, em diferentes pontos da Amazônia e em outros biomas. Em todos os casos, Speothos venaticus apareceram raramente ou não foram registrados. Os canídeos foram menos frequentes no ambiente fragmentado de Alta Floresta que nas três áreas conservadas, sugerindo que os cachorros-vinagre são sensíveis ao impacto humano sobre seu habitat. Os resultados também indicam que os cachorros-vinagre são predominantemente diurnos na Amazônia. Em geral os registros foram de 2-3 indivíduos, mas chegaram a ser observadas matilhas com até 8 membros.

Em função de sua baixa frequência de registro, os cachorros-vinagre são incluídos em um grupo de espécies conhecidas como espécies-fantasma. Entre os carnívoros amazônicos, apenas a doninha-amazônica, Mustela africana, e o gato-do-mato, Leopardus tigrinus, possivelmente são mais raras que Speothos venaticus.

As principais presas de cachorros-vinagre (cutias, pacas e tatus) foram relativamente abundantes nas quatro áreas de estudo, o que parece excluir a escassez de alimentos como um motivo para a raridade desses canídeos. Eles podem ser vitimados por doenças, mas é improvável que esse seja um fator único a manter a baixa abundância de cachorros-vinagre. Por outro lado, é provável que Speothos esteja sujeito a uma forte pressão competitiva de outros carnívoros sintópicos, que são maiores e mais poderosos, como onças-pintadas, onças-pardas e jaguatiricas. Os registros fotográficos indicaram que essas três espécies foram mais abundantes nas áreas de estudo do que os cachorros-vinagre. A conclusão dos autores é que a raridade dos cachorros-vinagre provavelmente é o resultado da ação conjunta de competição, predação, ação de doenças e da estrutura e integridade do habitat.

O mestrado de Lincoln Michalski foi orientado por Fernanda Michalski e co-orientado por Tadeu Gomes de Oliveira.

A imagem mostra três indivíduos de cachorro-vinagre, Speothos venaticus, registrados por uma armadilha fotográfica na área de Alta Floresta.

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