Seminário do PDBFF
Local: Auditório LBA, campus INPA-Aleixo II
Título: A diversidade de sistemas de pecuária e seus efeitos sobre a regeneração de florestas no Pará, Amazônia Brasileira
Resumo: Como importante vetor de desmatamento e uso da terra amplamente distribuído, a pecuária é um elemento chave na ocupação e dinâmica socioambiental do bioma Amazônia. No entanto, a despeito de sua ampla distribuição e relevância para a sustentabilidade da região, existem poucos estudos sobre a diversidade de sistemas de pecuária e de como essa diversidade se relaciona com outras dinâmicas de uso e cobertura da terra além do desmatamento. Essa lacuna de conhecimento se torna ainda mais relevante no período recente, quando uma maior pressão contra o desmatamento sobre a cadeia produtiva da pecuária pode ter motivado a adoção de estratégias mais intensivas de manejo das pastagens, mudando assim seu padrão histórico de expansão e promovendo retorno às áreas já abertas e em processo de regeneração ou ocupadas por vegetação secundária. Para contribuir com essa discussão, esta pesquisa teve como objetivos investigar as estratégias ambientais e de manejo das pastagens em um contexto de redução nas taxas de desmatamento, e analisar como tal diversidade se refletiu em mudanças no padrão histórico de acúmulo de áreas em regeneração e de vegetação secundária. Com base em uma ampla pesquisa de campo desenvolvida no Pará, e emprego de métodos de pesquisa social e de análise espacial, a diversidade de sistemas de pecuária foi mapeada e relacionada com as mudanças espaciais na concentração de áreas em regeneração e de vegetação secundária entre 2004 e 2014. Longe de ser uma atividade uniforme, a pecuária se desenvolve no Pará a partir de quatro sistemas distintos que coexistem no tempo e no espaço. Como resultado das estratégias de manejo de pastagens e ambientais essa diversidade de sistemas ajuda a explicar a dinâmica das áreas em regeneração e de vegetação secundária, seja impedindo ou favorecendo a regeneração. O manejo intensivo de pastagens, no entanto, está restrito às regiões que concentram melhor infraestrutura, frigoríficos industriais e laticínios, e alto desmatamento acumulado. De outra forma, onde tais condições não estão presentes, o manejo de pastagens segue sendo feito com estratégias de baixo impacto sobre a degradação, favorecendo assim a regeneração florestal e a concentração de vegetação secundária. Os resultados mostram ainda que na ausência de regulações específicas e no atual contexto de descumprimento ao Código Florestal, será difícil conciliar a intensificação com a proteção de áreas em estado avançado de regeneração, algo que no atual contexto de crise climática não é de importância secundária.
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